Nos últimos anos tenho sido convidado a participar de reuniões de conselho nos segmentos de Construção Civil, Agronegócio, Logística, Varejo, Siderurgia e Startups, predominante no âmbito de empresa familiares.
Neste sentido, gostaria de destacar neste artigo alguns aspectos dos fundamentos da Governança Corporativa que certamente apoiarão estas empresas e negócios em sua perenidade. Destacando princípios, desafios, agentes envolvidos e estratégias para garantir a qualidade decisória neste ambiente empresarial e do mundo atual que vivemos, caracterizado como VUCA (volátil, incerto complexo e ambíguo) e BANI (Frágil, Não Linear, Ansioso e Incompreensível).
Princípios de Governança:
A base da governança corporativa repousa sobre princípios inabaláveis. Integridade, transparência, equidade, responsabilização e sustentabilidade formam a espinha dorsal que sustenta a confiança dos stakeholders e a eficácia organizacional. A ética se estende para a relação entre os stakeholders, sociedade e meio ambiente de uma forma mais ampla e complexa. Sendo assim, “Walk the talk” torna-se imperativo, representando a necessidade de alinhar a prática cotidiana da gestão com esses princípios, transcendendo a mera conformidade superficial.
Desafios no Ambiente VUCA e BANI:
A qualidade decisória neste mundo VUCA e BANI que vivemos, requer precisão, tempestividade e uma maturidade institucional robusta. Enfrentando a inovação, profusão de dados, mudanças contínuas, velocidade, riscos e a necessidade de ser “futureproof”. A governança corporativa deve ser adaptável e resiliente, sendo predominantemente pressionada pela força do mercado e ao desejo de obter acesso ao capital.
Os Agentes e a Estrutura de Governança:
Os agentes de governança desempenham papéis cruciais, incluindo sócios, conselheiros de administração, conselheiros fiscais, auditores e diretores. Cada um contribui para a tomada de decisões estratégicas e a supervisão efetiva da organização. E a flexibilização e adaptação da estrutura (Sócios, Conselho Administrativo, Diretoria, Comitês e Orgãos de Fiscalização e Controle) devem ser permitidas durante a implantação até a maturidade da governança.
Prioridades e Estratégias de Conselho:
As prioridades das agendas estratégicas do conselho devem abordar desafios específicos da companhia, como: a resistência à implementação de governança, Perfomance, Financeiro e Contábil, A cultura da família empreendedora, Gerenciamento de Riscos, Cultura e Propósito, Gestão de Talentos, M&A, a adoção de tecnologias emergentes, entre outras. A estratégia deve ser proativa, removendo objeções e destacando a relevância da governança na prevenção de problemas e no crescimento sustentável.
As Competências Desejadas no Colegiado:
A eficácia do conselho está diretamente ligada às competências dos seus membros. Alinhamento com valores, visão estratégica, disposição para defender pontos de vista, comunicação eficaz e conhecimento aprofundado de práticas e legislação são essenciais para garantir a governança efetiva.
Gestão das Pautas e Ciclo de Reuniões:
Conflitos podem surgir em decisões colegiadas e no dia a dia da organização. O ciclo típico de uma reunião do conselho envolve a coleta de dados, discussão e criação da agenda, distribuição de documentos, revisão, publicação da pauta e compartilhamento de visões. A gestão proativa destas pautas é crucial para manter a integridade do processo decisório.
Evolução do Conselho:
A evolução de um conselho transcende a visão retrospectiva e análise de compliance básico. O olhar para o futuro é essencial, especialmente considerando o dinamismo do ambiente empresarial. A adaptação contínua da Cultura e Administração, a aprendizagem organizacional e a antecipação de desafios são imperativos para conselhos eficazes.
Conclusão:
“Toda empresa deve se esforçar para estabelecer um conselho eficaz, que seja coletivamente responsável pelo sucesso de longo prazo da empresa, incluindo a definição do propósito e da estratégia corporativa.”
A governança corporativa é mais do que um conjunto de regras; é um compromisso contínuo com a excelência, transparência e responsabilidade. A sua implementação bem-sucedida requer uma abordagem holística, centrada nos princípios fundamentais e adaptada ao contexto atual VUCA e BANI. Ao trilhar esse caminho, as organizações não apenas cumprem requisitos regulatórios, mas também constroem bases sólidas para o sucesso sustentável.
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Referências:
· GOMES, Eduardo – Fundamentos de Governança (material de estudo do Programa de Formação de Conselheiros Consultivos da Board Academy – PFCC16)
· Tricker, B. (2015). Corporate Governance: Principles, Policies, and Practices. Oxford University Press.
· Kaplan, R. S., & Mikes, A. (2012). Managing Risks: A New Framework. Harvard Business Review.
· Cadbury, A. (2002). Corporate Governance and Chairmanship: A Personal View. Oxford University Press.
· Aguilera, R. V., Filatotchev, I., Gospel, H., & Jackson, G. (2008). An Organizational Approach to Comparative Corporate Governance: Costs, Contingencies, and Complementarities. Organization Science.