A implementação de um conselho consultivo em empresas familiares, é fundamental para orientar a condução das atividades, garantindo um crescimento sustentável e a longevidade da organização. Esse mecanismo visa não apenas o progresso empresarial, mas também a preservação de relações harmoniosas tanto no âmbito familiar quanto no contexto societário.
O modelo proposto por Davis e Tagiuri, que enfatiza a inter-relação entre os subsistemas de Empresa, Família e Propriedade, oferece uma estrutura compreensiva para entender a dinâmica única dessas organizações. À medida que a empresa passa de uma geração para a outra, surgem desafios específicos em cada etapa, desde as incertezas iniciais do fundador até as complexidades da gestão compartilhada e os conflitos potenciais entre gerações subsequentes.
Na primeira geração, predomina uma cultura empresarial fortemente influenciada pelos valores, princípios e crenças do fundador, com um foco intenso no crescimento e na rentabilidade, mas com pouca atenção à estruturação formal da governança e da gestão. À medida que a empresa transita para a segunda geração, a necessidade de expansão e a entrada de novos membros da família introduzem novos desafios, incluindo a qualificação dos envolvidos e a centralização das decisões.
A terceira geração traz consigo a dor do crescimento e a necessidade de uma governança mais estruturada, frequentemente marcada pela introdução de gestores não familiares e pelo aumento dos conflitos internos. Esta fase exige uma atenção especial à medição do desempenho e à gestão dos desentendimentos familiares, sublinhando a importância de uma análise cuidadosa da constelação de personalidades dentro da empresa.
Empreender no Brasil é um ato de heroísmo, com suas peculiaridades culturais e econômicas, acrescenta uma camada adicional de complexidade, tornando a implementação de um conselho consultivo ainda mais crítica. De acordo com fonte do Sebrae, apenas uma pequena fração de 5% das empresas familiares brasileiras sobrevive até a terceira geração. Denotando o contraponto sobre o elevado nível de Empreendedorismo no Brasil, desproporcionalmente traduzido em termos de solidez e longevidade das empresas.
Estabelecer um conselho consultivo adequado, seja ele de natureza familiar, administrativa ou fiscal, é crucial em momentos de transição de propriedade ou diante de divergências estratégicas e conflitos. Reafirmando assim, a necessidade de uma abordagem estratégica e personalizada para cada empresa, levando em consideração sua cultura única, suas demandas específicas que influenciam em sua governança.
O ENTENDIMENTO DA DEMANDA
O entendimento das demandas para estabelecer um conselho em empresas familiares requer uma análise detalhada das necessidades específicas da família empresária e da organização. Demandas como turnaround, melhoria da gestão, planejamento da sucessão, reestruturação societária, resolução de conflitos familiares e fusões e aquisições (M&A) são indicativos claros da necessidade de estruturas consultivas ou deliberativas, como Conselhos Consultivos, de Família, de Administração ou Fiscal. O mapeamento e enquadramento dessas demandas envolvem a identificação da cadeia de comando atual na empresa, os fatores que influenciam essas necessidades.
E a governança proativa, baseada em princípios de integridade, transparência, equidade, responsabilidade e sustentabilidade, é essencial para navegar os desafios únicos enfrentados pelas empresas familiares brasileiras, que muitas vezes são conservadoras em sua estrutura e focadas no curto a médio prazo.
Compreender a origem e os objetivos das demandas é crucial para alinhar as expectativas e estabelecer um conselho eficaz. Isso implica diferenciar as demandas com base em seus fatores de influência e em como elas se relacionam com os princípios da governança corporativa. Ao fazer isso, é possível identificar não apenas as necessidades imediatas, mas também como essas demandas se encaixam no quadro maior da governança e da estratégia empresarial. A partir dessa análise, é possível criar e propor ações, definir objetivos claros e estabelecer os resultados esperados, garantindo que as soluções propostas sejam relevantes e impactem positivamente os subsistemas da empresa, da família e da propriedade.
O sucesso na implementação de um conselho envolve mais do que apenas o reconhecimento das demandas; é necessário um processo de convencimento, alinhamento e acordo entre todos os stakeholders. A priorização das ações, considerando os maiores riscos e as oportunidades de quick wins, é fundamental para ganhar a confiança e o comprometimento dos envolvidos. O estabelecimento de um conselho eficaz em uma empresa familiar, portanto, é um exercício de equilíbrio entre as necessidades imediatas e os objetivos de longo prazo da organização, requerendo uma abordagem cuidadosa e considerada para garantir a sustentabilidade e o crescimento contínuo da empresa e da família.
Assim, a escolha do tipo de conselho e a composição dos seus membros deve ser feita com cuidado, privilegiando conselheiros independentes capazes de mediar conflitos e manter o foco no futuro e na sustentabilidade do negócio. A atuação do conselho deve ser estratégica, servindo como guardião do futuro da empresa, guiando-a em direção à solidez, longevidade e preservação do legado familiar.
O Sumário para conselheiro:
No ecossistema empresarial, as organizações familiares detêm uma dinâmica única, permeada por valores, tradições e relações pessoais intrincadas. Para navegá-las com sucesso, o papel de um conselheiro transcende o mero aconselhamento técnico, exigindo uma compreensão profunda do DNA da empresa. Mapear essa essência não é apenas sobre entender o modelo de negócios, mas sim capturar a visão, os valores e as aspirações que animam o coração da organização.
Entender as demandas da empresa familiar envolve mais do que apenas analisar números e estratégias. Requer uma imersão nas histórias, nos conflitos e nos sonhos que moldaram sua jornada. Um conselheiro eficaz é aquele que, com empatia e habilidade investigativa, consegue discernir as verdadeiras necessidades da empresa, reconhecendo as influências de seu passado e os desejos para o futuro.
Ao definir recomendações, o conselheiro deve considerar os impactos não apenas nos resultados financeiros, mas também nas relações e na cultura da empresa. Cada proposta deve ser validada, buscando alcançar acordos que ressoem com todos os membros, fortalecendo os laços e o comprometimento mútuo.
A implementação de ações é apenas o começo. Um conselheiro deve permanecer engajado, acompanhando de perto os desenvolvimentos, ajustando estratégias conforme necessário e garantindo que a empresa não apenas alcance, mas supere suas metas. A celebração de resultados positivos reforça a confiança e a motivação, estabelecendo uma cultura de sucesso contínuo.
No entanto, em um mundo empresarial em constante evolução, adaptar-se e evoluir é fundamental. Um conselheiro deve incentivar a empresa familiar a olhar para o futuro com uma mentalidade de crescimento contínuo, explorando novas oportunidades e enfrentando desafios emergentes com resiliência e inovação.
Neste contexto, o perfil ideal de um conselheiro para empresas familiares é multifacetado. Além de competências técnicas, é essencial possuir habilidades interpessoais excepcionais. A capacidade de estabelecer relacionamentos pessoais profundos, de ouvir ativamente e de fazer perguntas perspicazes é crucial. Um conselheiro deve agir como um psicólogo, entendendo as dinâmicas subjetivas que influenciam decisões e comportamentos, e como um educador, compartilhando conhecimentos e promovendo o desenvolvimento contínuo.
Quebrar tabus e enfrentar questões delicadas com coragem, ao mesmo tempo em que negocia e vende ideias de forma eficaz, são habilidades indispensáveis. O controle emocional, a persistência e a paciência são atributos que sustentam o conselheiro através dos inevitáveis desafios e resistências. Além disso, um bom network pode abrir portas e oferecer novas perspectivas e oportunidades para a empresa familiar.
Por fim, adotar a perspectiva do fundador da empresa – calçar seus sapatos (Put on your shoes) – é talvez a máxima expressão de empatia e compreensão. Ao fazer isso, o conselheiro não só honra o legado da empresa, mas também pavimenta o caminho para um futuro promissor, alinhado com os valores e sonhos que deram origem à organização.
Em resumo, o conselho consultivo em empresas familiares desempenha um papel vital não apenas na estratégia e governança, mas também na manutenção da coesão e harmonia familiar. Sua implementação requer um entendimento profundo das dinâmicas únicas da empresa familiar, uma abordagem personalizada para atender às suas necessidades específicas e uma dedicação contínua ao crescimento e à inovação sustentáveis.
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Referências:
- Kurt, Udo – CONSELHO EM EMPRESAS FAMILIARES (material de estudo do Programa de Formação de Conselheiros Consultivos da Board Academy – PFCC16)